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Entrevista Hamilton de Holanda


Hamilton de Holanda é um dos músicos brasileiros mais respeitados na atualidade, conhecido nos EUA como "Jimi Hendrix do bandolim" e na França como "Príncipe do bandolim". Um talento precoce que aprendeu a tocar o instrumento mesmo antes de ler e escrever, um flamenguista roxo que já dividiu o palco com nomes como Wynton Marsalis e John Paul Jones! O encontro com o integrante do Led Zeppelin aconteceu em um workshop de bandolim em Lunel (França) e Hamilton contou esse causo inusitado. "Ao final da aula alguns alunos vieram e falaram que aquele era o John Paul Jones, baixista do Led Zeppelin. Não havia reconhecido, mas falei com ele que foi um prazer e o convidei para tocar comigo no show da noite ao lado do Mike Marshall (bandolinista americano). Ele ficou amarradão! Tocamos e foi emocionante para mim. No fim do show ele falou que estava emocionado porque fora a primeira que tinha solado em um baixo acústico em um show", recordou Hamilton.

O bandolinista falou sobre o seu show de aniversário no Blue Note Rio, dia 30 de março (sexta-feira), e também revelou os motivos para ter acrescentado duas cordas em seu instrumento. "Queria um bandolim no qual pudesse executar a polifonia, essa música completa em que tocamos melodia, ritmo e acordes ao mesmo tempo. Eu tenho uma "orquestrinha" na minha mão, como se fosse um piano, um acordeão ou o próprio violão, mas é um bandolim. Não é que ele me dê mais virtuosismo, ele me dá mais notas, mais acordes, texturas diferentes de som, no caso é mais grave. Ele me coloca em mãos a arquitetura básica da música, que é harmonia, melodia e ritmo".

Hamilton de Holanda é um gênio, um virtuoso em seu instrumento. Escute o disco Mundo de Pixinguinha e entenda o porquê desse músico ser reverenciado por onde passa!

Ugo Medeiros – Hamilton, te entrevistei em 2008 no Circo voador. Faz muito tempo, precisava atualizar essa conversa para postar no novo site do Coluna Blues Rock! Comecemos pelo "começo", é verdade que você aprendeu a tocar bandolim mesmo antes de se alfabetizar? Nessa época você morava em Brasília, certo? A influência musical veio de casa? O que a sua família mais escutava?


Hamilton de Holanda - É verdade, sim, comecei a tocar bandolim aos cinco anos, portanto, antes de aprender a ler e a escrever. Meu avô era músico, meu pai também, assim como meu tio, e meu irmão já arriscava algumas notas. Meu pai escutava muita bossa nova, muito samba e música brasileira em geral, além de música clássica, big bands americanas (aquelas grandes orquestras) e Frank Sinatra.


UM – Sempre foquei meus estudos de história da música no blues e no rock, mas de uns tempos para cá tenho lido bastante coisa sobre a gênese do samba. Lendo sobre a Tia Ciata e toda aquela “bagunça” da virada do séc. XIX/XX, apareceu um estilo que eu não conhecia: lundu. O que seria? Seria um estilo mais rural proveniente da Bahia?


HH - Na verdade, não, era um gênero/ritmo praticado pelos escravos, basicamente africano, que traz a nossa ancestralidade. A partir da mistura do lundu com gêneros europeus, como a polca e a valsa, nasceu o choro. Primeiro foi o choro, depois veio o samba, que é como um irmão mais novo do choro. O lundu faz parte dessa mistura inicial na música brasileira que houve entre África e Europa.


UM – Ainda nessa linha, o maxixe foi um estilo muito consumido no início do séc. XX aqui no Rio de Janeiro. É correto dizer que o chorinho foi um maxixe mais acelerado? Quais as diferenças entre esses dois estilos?


HH - Na verdade, é uma linha evolutiva. Dentro dessa linha evolutiva, o maxixe seria o abrasileiramento do lundu e das danças europeias. Podemos dizer que o maxixe seria um irmão mais velho do choro, ele tinha um "Q" de samba. Esse início era bem misturado, inclusive os músicos dessa época, os que estavam criando o choro andavam com os que estavam criando o samba. Vê só, Donga e Pixinguinha foram muito amigos, então o maxixe também fez parte desse início. Se você escutar Ernesto Nazareth, na época chamavam de "tango brasileiro", mas algumas de suas músicas eram consideradas como maxixes. Samba e choro são irmãos, eles nunca se desgrudam.


UM – Você considera o chorinho o nosso estilo mais próximo ao jazz?


HH - Sabe aquele primo-irmão dentro da nossa família que gostamos tanto a ponto de considerarmos um irmão? Então, choro e jazz. Ambos nasceram em momentos parecidos, em épocas parecidas e têm em comum aquela base, o caráter, de mistura dos ritmos africanos e as melodias e harmonias europeias. Nós temos esse parentesco, eles são primo-irmãos.


UM – Por falar em jazz, você tocou com o Wynton Marsalis. Sonho em entrevistá-lo, para mim é o maior nome do jazz tradicional vivo. A gravação de vocês em Um a Zero é magnífica! Poderia falar sobre o Wynton Marsalis em si, sobre as vezes que vocês tocaram e essa gravação, Um a Zero?


HH - O Wynton é um cara fantástico, além de músico formidável, é um cara agregador, ele agrega as pessoas. Tem uma oratória fora do normal e levanta a bandeira do jazz, é um embaixador do estilo. Um cara muito especial, toquei com ele algumas vezes, a última vez foi ano passado em um tributo a Thelonious Monk. Foi no Jazz Lincoln Center, com a orquestra da casa, músicos e arranjadores fantásticos. A convivência com o Wynton é sempre especial, é um músico fora de série.


UM – Essa canção citada acima está no disco em homenagem ao Pixinguinha, Mundo de Pixinguinha. Ele foi a sua maior influência?


HH - Não sei se foi a maior, mas, com certeza, faz parte da minha base. A minha linguagem musical, a língua mãe, é o choro. E o Pixinguinha é justamente o pai do choro, o cara que inventou aquela linguagem, portanto ele tem uma influência muito grande na minha música. Gosto demais dele, até queria que o nome do meu filho fosse Pixinguinha, mas o pessoal de casa (mãe e esposa) argumentou que ele sofreria bullying. Enfim, gosto demais dele. Se eu tenho um santo protetor, ele se chama São Pixinguinha!


UM – Essa pergunta eu fiz lá em 2008, mas não posso deixar de fazê-la novamente, sobretudo porque o Jim Page tem excitado as redes sociais sobre uma possível reunião do Led Zeppelin. O John Paul Jones é um grande fã da sua música e vocês tocaram rapidamente em um workshop na Europa, né? Poderia contar essa estória?


HH - Acho que foi em 2005, tem um tempo já, durante um festival de bandolim em Lunel, perto de Montpelier (França). Dentro desse festival teve um workshop e eu estava lá passando algumas coisas. Em um determinado momento da aula, com muito aluno, peguei um baixo acústico pra acompanhá-los, se não me engano tocavam Santa Morena de Jacob Bandolim. Nisso veio um cara com um francês carregado, com sotaque britânico, falando que tocaria o baixo, para eu assumir o bandolim. Dessa forma, ficaria mais fácil para eu passar as lições. Tudo certo. Ao final da aula alguns alunos vieram e falaram que aquele era o John Paul Jones, baixista do Led Zeppelin. Não havia reconhecido, mas falei com ele que foi um prazer e o convidei para tocar comigo no show da noite ao lado do Mike Marshall (bandolinista americano). Ele ficou amarradão! Tocamos e foi emocionante para mim. No fim do show ele falou que estava emocionado porque fora a primeira que tinha solado em um baixo acústico em um show. Ficou marcado para sempre, na época ele tinha um blog e escreveu sobre o show. Deu uma grande repercussão. Depois nos encontramos algumas vezes, nos tornamos amigos, nos EUA e na França, onde tocamos novamente. Sempre que nos encontramos é bacana, muito agradável. Ele é um cara que realmente se mistura, lembro lá em Lunel, ele andava pelo evento tranquilamente, sem chamar atenção, comia junto com todos. Poderia dormir em um lugar mais isolado, mas ficou no mesmo hotel que todos. Um cara muito gentil e educado.


UM – E por falar em rock, você é conhecido nos EUA como o "Jimi Hendrix do bandolim” e na França como “príncipe do bandolim”. Qual você prefere (rs)?


HH - Pô, prefiro Hamilton de Holanda (rs)! Eu estou brincando, mas é muito legal ser comparado com Jimi Hendrix, um cara marcou o seu instrumento. Hoje em dia vejo que o cabelo é meio parecido (rs). É muito bacana, muito divertido.


UM – Você chegou a tocar com a formação clássica do Buena Vista Social Club. Como foi?


HH - Foi na Córsega (França), o Eliades Ochoa com a banda antiga. Foi como se eu me encontrasse com o passado, como eu tocasse com o Pixinguinha, Ataulfo Alves e outros caras de antigamente. Eles fazem uma música antiga, mantendo-a antiga mesmo, não fazem a menor questão de modernizá-la. Foi como viajar no tempo, uma experiência inesquecível.


UM – O seu bandolim tem duas cordas a mais. Como veio essa ideia? Musicalmente, o que esse acréscimo te possibilita? Dá um maior poder de virtuosismo?


HH - Essa ideia veio de quando comecei a tocar violão, me abriu a cabeça para os acordes, a harmonia, para a parte vertical entre as notas, a combinação vertical entre as notas. Até então tocava o bandolim como um melodista, um solista de choro mesmo, que faz as melodias como um cantor de melodias no bandolim. A ideia veio daí, do violão. Queria um bandolim no qual pudesse executar a polifonia, essa música completa em que tocamos melodia, ritmo e acordes ao mesmo tempo. Eu tenho uma "orquestrinha" na minha mão, como se fosse um piano, um acordeão ou o próprio violão, mas é um bandolim. Não é que ele me dê mais virtuosismo, ele me dá mais notas, mais acordes, texturas diferentes de som, no caso é mais grave. Ele me coloca em mãos a arquitetura básica da música, que é harmonia, melodia e ritmo.


UM – O Baile do Almeidinha já virou tradição no Circo Voador. Você poderia explicar aos leitores de fora do Rio de Janeiro o que é? E agora você criou o Bailinho do Almeidinha, levarei minha filha quando fizer quatro anos (ainda tem dois)...


HH - O Baile do almeidinha foi abraçado pelo público carioca porque tem uma música instrumental despojada com improvisação, sempre com convidados especiais. A música é para as pessoas dançarem, é um ambiente de festa, é uma festa. As pessoas se identificaram com esse espírito, combinou com o Rio de Janeiro, com a Lapa e com o Circo Voador. Já fizemos duas versões do Bailinho, espero fazer novamente esse ano, fiquei encantado. Não imaginava o quanto é bom tocar e fazer um baile desse jeito para a criançada. Meus filhos adoraram!


UM – Seu último disco, Casa de Bituca, é uma homenagem ao Milton Nascimento. Poderia falar sobre o legado dele na música brasileira e o quanto ele foi importante na sua formação musical?


HH - O "Bituca" é uma parte à parte na música brasileira, ele faz parte do Clube da Esquina, claro, e da MPB. Mas ele é um universo à parte, criou uma linguagem diferente, isso o coloca em um patamar diferenciado, tanto como compositor (criou uma obra genial), como cantor (ele é um som da natureza, a voz dele é algo espetacular). Comecei a escutá-lo a partir da convivência com o Daniel Santiago, que é mineiro, ele me apresentou mais profundamente. Eu conhecia o Milton Nascimento, quem não conhece o Milton?, mas ele me mostrou mais discos e músicas. Durante o período que morei na França, 2002, escutava demais: acordava e dormia ao som do Milton. A música dele faz parte do meu inconsciente e do meu coração, para sempre.


UM – Você tocará no Blue Note Rio dia 30 de Março. Será um show de aniversário? Qual será o formato do show? Por ser aniversário, estará com traje de gala, leia-se camisa do Flamengo (rs)?


HH - Exatamente, será o meu aniversário de 42 anos. Farei um trio ao lado de Thiago da Serrinha e Guto Wirtti, meus parceiros de longa data, e chamarei alguns amigos. Quem quiser aparecer e tocar, dar uma canja descontraída, será bem-vindo. E sobre o traje, de fato, a camisa do Flamengo é um traje de gala (rs)! Não sei se irei com a camisa ou com o boné do Flamengo, talvez apenas com o coração flamenguista (rs)! Essa decisão será na hora mesmo.




ENGLISH VERSION:


Ugo Medeiros - Hamilton, I interviewed you in 2008 at Circo Voador. A long time ago, I had to update this conversation to post on the new site of Coluna Blues Rock! Let's start with the "beginning", is it true that you learned to play mandolin even before you became literate? At that time you lived in Brasilia, right? Has musical influence come from home? What did your family listen to most?


Hamilton de Holanda - It's true, yes, I started playing mandolin at five, so before I learned to read and write. My grandfather was a musician, also my father, as well as my uncle, and my brother already tried some notes. My father listened to a lot of bossa nova, a lot of samba and brazilian music in general, besides classical music, american big bands and Frank Sinatra.


UM - I have always focused my studies on musical history in blues and rock, but I have read a lot about the genesis of samba. Reading about Aunt Ciata and all that "mess" of the turn of the century XIX/XX, appeared a style that I did not know: lundu. What would it be? Was it a more rural style coming from Bahia?


HH - Actually, no, it was a genre/rhythm practiced by the slaves, basically African, that brings our ancestry. From the mixing of lundu with European genres, such as polka and waltz, the choro was born. First was the choro, then came the samba, which is like a younger brother of choro. Lundu is part of this initial mix of brazilian music between Africa and Europe.



UM - Still in this path, the maxixe was a very consumed style at the beginning of the century XX here in Rio de Janeiro. Is it correct to say that the choro was a faster maxixe? What are the differences between these two styles?


HH - Actually, it's an evolutionary line. Within this evolutionary line, the maxixe would be the brazilianized of the lundu and of the European dances. We can say that the maxixe would be an older brother of choro, he had some of samba. This beginning was well mixed, including the musicians of that time, those who were creating the choro went with those who were creating the samba. You see, Donga and Pixinguinha were very good friends, so the maxixe was also part of that beginning. If you listen to Ernesto Nazareth, at the time called "Brazilian tango", but some of his songs were considered as maxixes. Samba and choro are brothers, they never break up.


UM - Do you consider choro our closest style to jazz?


HH - Do you know that cousin in our family that we love so much to consider a brother? Are choro and jazz. Both were born at similar times, in similar epochs and have in common that base, the character, the mix between African rhythms and European melodies and harmonies. We have this kinship, they are cousins.


UM - Speaking of jazz, you played with Wynton Marsalis. I dream of interviewing him, for me it is the biggest name of traditional jazz nowadays. The recording of you two in Um a Zero is magnificent! Could you talk about Wynton Marsalis itself, about the times you played and this recording, Um a Zero?


HH - Wynton is a fantastic guy, he's a formidable musician, he's an aggregate guy, he adds people. He has an out-of-normal oratory and raises the jazz flag, is a jazz ambassador. A very special guy, I played with him a few times, the last time was last year in a tribute to Thelonious Monk. It was at the Jazz Lincoln Center, with the house orchestra, fantastic musicians and arrangers. Living with Wynton is always special, he is an outstanding musician.



UM - This song quoted above is on the album in honor of Pixinguinha, Mundo de Pixinguinha. Was it your biggest influence?


HH - I do not know if he was the biggest one, but sure he is part of my base. My musical language, the mother idiom, is choro. And Pixinguinha is precisely the father of choro, the guy who invented that language, so he has a great influence on my music. I like him so much, I even wanted my son's name to be Pixinguinha, but the people at home (mother and wife) argued that he would suffer bullying. Anyway, I like him too much. If I have a protecting saint, he is called Saint Pixinguinha!


UM - That question I asked you there in 2008, but I can not refrain from doing it again, especially since Jim Page has excited social networking about a possible Led Zeppelin reunion. John Paul Jones is a big fan of your music and you two played during a workshop in Europe, right? Could you tell this story?


HH - I think it was in 2005, during a mandolin festival in Lunel, near Montpelier (France). Inside this festival there was a workshop and I was there teaching some things. At a certain point in the class, with a lot of students, I picked up an acoustic bass to accompany them, if I remember correctly, they played Jacob do Bandolim's Santa Morena. So it came a guy with a "loaded" French, with a British accent, speaking that he would play the bass, so that I could take up the mandolin. That way, it would make it easier for me to pass the lessons. All right. At the end of class some students came and said that this was John Paul Jones, Led Zeppelin bassist. I did not recognize him, but I told him it was a pleasure and invited him to play with me at the night show alongside Mike Marshall (an american mandolin player). He was so happy! We played and it was exciting for me. At the end of the show he said that he was thrilled because it was the first one he made a solo on an acoustic bass at a show. It was marked forever, at the time he had a blog and wrote about the show. It gave a great repercussion. Then we met a few times, we became friends in the US and France, where we played again. Whenever we meet, it's nice, very nice. He is a guy who really mixes up, I remember there in Lunel, he walked around the event quietly, without attention, he eat with everyone. Could sleep in a more secluded place, but stayed in the same hotel as everyone. A very kind and polite guy.


UM - And speaking of rock, you're known in the USA as the "Mandolin's Jimi Hendrix" and in France as "Mandolin's Prince". Which one do you prefer (LOL)?


HH - Man, I prefer Hamilton de Holanda (LOL)! I'm kidding, but it's really cool to be compared to Jimi Hendrix, a guy that transcended his instrument. Nowadays I see that the hair is somewhat similar (LOL). It's really cool, a lot of fun.


UM - You played with Buena Vista Social Club's classic lineup. How was it?


HH - It was in Corsica (France), Eliades Ochoa with the old band. It was as if I found myself with the past, as I played with Pixinguinha, Ataulfo Alves and other old musicians. They make old music, keeping it old, they do not make the slightest issue of modernizing it. It was like time travel, an unforgettable experience.


UM - Your mandolin has two more strings. How did that come about? Musically, what does this addition allow you? Does it give you a greater power of virtuosity?


HH - That idea came from when I started playing the guitar, it opened my head to the chords, to the harmony, to the vertical part between the notes, the vertical combination between the notes. Until then I played the mandolin as a melodist, a solo singer of choro music, who makes the melodies as a singer of melodies in the mandolin. The idea came from there, from the guitar. I wanted a mandolin in which he could perform the polyphony, that complete music in which we play melody, rhythm and chords at the same time. I have a "little orchestra" in my hand, as if it were a piano, an accordion or the guitar, but it is a mandolin. Not that it gives me more virtuosity, it gives me more notes, more chords, different textures of sound, in this case a low pitch. It puts me in hands the basic architecture of music, which is harmony, melody and rhythm.


UM - Baile do Almeidinha has already become a tradition in Circo Voador (Rio de Janeiro). Could you explain to the readers outside Rio de Janeiro what it is? And now you've created Bailinho do Almeidinha, I'll take my daughter when she turns four (She is still two years old)...


HH - Baile do Almeidinha was embraced by the people of Rio because they have an instrumental music relaxed with improvisation, always with special guests. That music is for people to dance, it's a party atmosphere, it's a party! People identified with this spirit, it combined with Rio de Janeiro, Lapa and the Circo Voador. We have already done two versions of Bailinho, I hope to do it again this year, I was delighted. I could not imagine how good it is to play and have a ball like that for the kids. My kids loved it!


UM - Your last album, Casa de Bituca, is a tribute to Milton Nascimento. Could you talk about his legacy in Brazilian music and how important he was in your musical formation?


HH - "Bituca" (Milton Nascimento) is a part of Brazilian music, he is part of Clube da Esquina, of course, and MPB. But he is a universe apart, he created a different language, this puts him at a different level, both as a composer (he created so many masterpieces) and as a singer (he is a sound of nature, his voice is something spectacular). I began to listen to him from the coexistence with Daniel Santiago, who is from Milton's state, he introduced me more deeply. I knew Milton Nascimento, who does not know Milton?, but he showed me more records and songs. During the period I lived in France, 2002, I listened too much: I woke up and slept at the sound of Milton. His music is part of my unconscious and my heart, forever.



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