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Entrevista Steve Hackett

*Colaborou Régis Bittencourt

O Pink Floyd mudou a minha vida, virei roqueiro, de fato, desde o momento que escutei Dark Side of the Moon. E pelo fato do rock chegar a mim através daquela obra imortal, a minha primeira era roqueira foi toda progressiva. Dissequei discografias dos monstros do estilo, Emerson, Lake & Palmer, Yes, Rick Wakeman, King Crimson, Rush, Camel e Focus. Depois de alguns anos fritando os neurônios nessa onda descobri o blues e a simplicidade do estilo me arrebatou completamente.

Agora, sempre houve uma lacuna na minha formação progressiva - e roqueira - pela ausência de um grupo consagrado, criador de um som único, com belas guitarras, vocais característicos e movimentos teatrais: Genesis! Soará como heresia, preguiça e/ou ignorância, a banda de Peter Gabriel & cia. tornou-se apenas recentemente uma peça fundamental dentre o meu acervo musical.

Músico importantíssimo no progressivo e decisivo no Genesis, Steve Hackett é um grandíssimo compositor, dono de bons discos solos e uma das referências na guitarra. Há quem diga que a famosa técnica de tapping - imortalizada por Eddie Van Halen - foi de sua criação. "Eu descobri a técnica do tapping sozinho, eu mesmo. Eu compreendo que o Eddie Van Halen foi influenciado pelo meu tapping", defendeu.

O inglês, que negou rumores de uma possível reunião do Genesis (de forma tranquila, diga-se), revelou alguns detalhes da turnê brasileira marcada para o mês de março. "A banda é praticamente a mesma [da turnê de 2015], com Nad Sylvan nos vocais. A única diferença é que nós teremos o talentoso Jonas Reingold no baixo".

O último disco, The Night Siren, também foi pauta dessa agradável conversa. Gravado com músicos de diversos países, o músico libertou-se das amarras e partiu para um disco multicultural. "Eu adorei trabalhar com diferentes pessoas e instrumentos de todo canto do mundo nesse disco, incluindo um israelense junto com um palestino. Eu acredito que a música pode transcender limites e ser realmente multicultural. Fazer essas conexões, para mim, é tudo".


Ugo Medeiros – É sempre muito bom entrevistar um aquariano, você é do dia 12 e eu de 10 de fevereiro. Aquarianos ainda dominarão o mundo! Brincadeiras à parte, a sua música, tanto no Genesis como na carreira solo, tem muita influência do folk e da música clássica. Como esses estilos entraram em sua vida? Quais os artistas que mais escutou?


Steve Hackett - Olá, camarada aquariano! Sim, folk e clássico sempre foram parte das minhas influências - e no Genesis também. Eu sempre adorei cantores como Buffy-Sainte Marie e Donovan, ambos muito influenciados pelo folk. Igualmente, sou um grande fã de muitos compositores de clássico, desde Bach a Greig. A partir do momento que escutei André Segovia, quando eu ainda era um moleque, me apaixonei pela música clássica. Acredito que a música fica muito excitante quando o rock entra em contato com outros gêneros.


UM – É verdade que você entrou para o Genesis graças a um anúncio na revista Melody Maker? Como foi?


SH - Sim, é verdade. Meu anúncio procurava por músicos que quisessem "se esforçar para além das formas musicais já existentes e estagnadas". O Peter Gabriel me ligou quando leu o anúncio.


UM – O Genesis trouxe uma fantástica explosão criativa, mas por dentro havia algo como McCartney/Lennon x Harrison. Ou seja, assim como acontecia com George Harrison, havia um limite para as suas canções em cada disco, sobretudo imposto pelo Peter Gabriel. Isso deixava a relação entre vocês mais tensa? Você guarda algum tipo de ressentimento por isso?


SH - Não tenho nenhum ressentimento pelo Peter. Ele é um cara formidável, com ideias inovadoras, as quais sempre admirei e tive muita ligação. Enquanto ele permaneceu na banda formamos um ótimo time e eu sempre o ajudei no lance mais teatral também, o que ajudou a colocar a banda no mapa.


UM – Muitos dizem que você é o criador do tapping [N.E: técnica que consiste em bater a corda com o dedo na parte do braço da guitarra, como se fosse um "martelo"]. Se foi nunca saberemos, mas você provavelmente foi quem utilizou essa técnica pela primeira vez no mainstream para depois artistas como Eddie Van Halen e Malmsteen popularizarem, certo?


SH - Eu descobri a técnica do tapping sozinho, eu mesmo. Eu compreendo que o Eddie Van Halen foi influenciado pelo meu tapping.


UM – Você sempre teve uma grande amizade com o Phil Collins. Com a saída do Peter Gabriel a tensão na banda diminuiu ou você já estava de saco cheio das obrigação da banda?


SH - Eu estava feliz em trabalhar com todos no Genesis. A certa altura deixei porque queria mais autonomia, poder fazer meus próprios álbuns, o que naquela época era bem difícil.


UM – Falando em Phil Collins, seu primeiro disco, Voyage of the Acolyte, teve a participação dele e do Mike Rutherford. Estar ao lado de dois grandes músicos amigos no estúdio te deixou mais calmo para encarar o primeiro trabalho solo? Poderia falar sobre o disco?


SH - Eu curti criar Voyage of the Acolyte e foi muito bom o fato do Phil e do Mike estarem envolvidos. Gravar esse disco foi uma experiência maravilhosa, foi muito bom explorar as minhas próprias ideias, ser capaz.


UM – Para você um disco tem início, meio e fim ou às vezes um álbum é a continuação natural do anterior? Pergunto isso porque o seu segundo disco solo, Please Do Not Touch, tem certas similaridades com Voyage of the Acolyte.


SH - Não faço um disco soar como o outro de propósito. Às vezes isso pode parecer porque cada disco reflete aonde está a minha música, cada era tem a sua própria vibe.


UM – Você também toca gaita e gravou Blues with a Feeling em 1995. Eu li que você é um grande fã do John Mayall & The Bluesbeakers e de guitarristas como Peter Green. Você prefere o blues americano ou o inglês? Acredito que você prefira o elétrico, certo? Quais bluesmen mais te influenciaram?


SH - Amo ambos, tanto o americano como o inglês, desde Mike Bloomfield a Peter Green. Acho que fui mais influenciado por Hownlin' Wolf e Peter Green. Sim, acho que eu escuto mais o blues elétrico, mas ambos são bastante potentes.


UM - Você formou o GTR com o Steve Howe em 1986 e gravou um disco. Você poderia falar sobre o álbum e a parceria/amizade com ele?


SH - Eu senti que produzimos um grande disco, junto com o resto da banda. Foi uma boa experiência. Hoje em dia ainda sou amigo do Steve Howe.


UM – Você teve um projeto muito interessante com o Chris Squire, o Squackett. Vocês gravaram em 2012 um disco incrível! Você poderia falar sobre o disco e a parceria?


SH - Eu curti trabalhar com o Chris, ele era um cara ótimo e um baixista incrivelmente talentoso. Squackett foi um projeto muito divertido de fazer. O trabalho entre nós foi fácil, gradualmente construindo canções e dividindo riffs. Sinto muito a falta dele.


UM – A sua última turnê brasileira (2015) foi muito boa, teve uma ótima aceitação pelo público. Todos ficaram impressionados com a alta qualidade dos músicos, sobretudo com os vocais do Nad Sylvan. A banda da atual turnê será a mesma ou diferente?


SH - Fico feliz pela boa recepção daquela turnê! A banda é praticamente a mesma, com Nad Sylvan nos vocais. A única diferença é que nós teremos o talentoso Jonas Reingold no baixo.


UM – Durante a década de 1980 você colaborou nos discos do Ritchie, um britânico radicado no Brasil. Como você o conheceu? Além dele, você conheceu/escutou alguma outra banda de rock progressivo brasileiro? É interessante porque o Brasil sempre teve uma escola de progressivo bem forte...


SH - Eu conheci o Ritchie através do Jim Capaldi. Eu conheci um pessoal do jazz, como Ricardo Silveira, quem eu admiro. Também me tornei amigo e trabalhei com o Roupa Nova.


UM – O rock progressivo alcançou o seu auge durante a década de 1970, entretanto, depois de quase quarenta anos, o público ainda consome a música e lota os shows. Você acha que isso acontece porque o progressivo continua o mesmo daquela época ou porque o estilo se adaptou às tendências musicais?


SH - Sinto que o progressivo está aí ainda por ser diferente dos outros tipos de música e por continuar a excitar o ouvinte. Para mim, é uma constante jornada de descobrimento, misturando diversos gêneros.


UM – Você sempre convida músicos para tocar contigo, como John Wetton, Steve Wilson, Steve Rothery. Você planeja chamar algum músico específico para futuras gravações? Há algum músico com quem você sempre desejou tocar?


SH - Recentemente gravei algumas coisas com o Steve Rothery, portanto algo pode acontecer. Eu gosto de trabalhar com músicos que eu admiro, estou sempre aberto a colaborações.


UM – Desculpa, eu sei que perguntarei algo que você está de saco cheio, por favor não aborte esta entrevista! Surgiram, recentemente, rumores sobre uma possível reunião do Genesis. Fake news das redes sociais ou, de fato, há uma possibilidade ainda que remota?


SH - Quem sabe sobre o futuro? Mas pelo meu conhecimento, não há planos para um reunião do Genesis.


UM –Ano passado você gravou The Night Siren, praticamente um disco multicultural. Você poderia falar sobre o álbum?


SH - Eu adorei trabalhar com diferentes pessoas e instrumentos de todo canto do mundo nesse disco, incluindo um israelense junto com um palestino. Eu acredito que a música pode transcender limites e ser realmente multicultural. Fazer essas conexões, para mim, é tudo. The Night Siren abraça essa ideia de forma bem particular, com música influenciada pela América do Sul, pelo Oriente Médio, pela Austrália e pela cultura celta.






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