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Entrevista Delvon Lamarr


Delvon Lamarr é um talentoso tecladista e em sua bagagem musical traz muito de jazz, funk, gospel, soul e hip-hop. Nascido e criado em Seattle, terra de Jimi Hendrix e do movimento grunge, tocou com muitas bandas locais de jazz, "Eu tocava na maior parte do tempo com uma outra banda, Rippin' Chicken, e também como freelancer com outros caras. Tocava em diversas gigs de jazz, mas chegou a um ponto que nada acontecia com essas bandas".

Após rodar por diversas bandas e desenvolver a sua música, agora lidera o excelente Delvon Lamarr Organ Trio, ao lado de Jimmy James (guitarra) e David McGraw. Os três são como engrenagens bem lubrificadas que fazem uma máquina sonora da melhor qualidade. Delvon é o responsável por toda a harmonia, Jimmy incendeia as apresentações com uma guitarra que remete a Machine gun de Jimi Hendrix e David McGraw é o pilar da coisa toda. Sobre o baterista, Lamarr comenta: "Gosto de falar que ele é a "cola" que mantém a banda junta. O jeito dele tocar me lembra as bandas de órgão mais antigas, como Idris Muhammad. O David é um músico sólido!".

Seattle atualmente possui uma cena riquíssima com bandas de jazz e de funk, e Delvon Lamarr Organ Trio é um dos expoentes desse circuito. Confira, de preferência em alto volume!


Ugo Medeiros - Você é de Seattle, certo? Provavelmente é ignorância da minha parte, mas quando alguém fala em Seattle logo penso em Jimi Hendrix. Você poderia falar sobre a cena musical de Seattle? Quais os principais estilos e músicos da cidade? Delvon Lamarr - Nascido e criado em Seattle, Washington. A cidade tem uma cena musical que está crescendo, meio que fora do radar. E de todos os gêneros. Tem os Black Tones (rock/soul/blues), Polyrhythmics (afrebeat/funk), The True Love's (soul), The New Triumph (latin jazz/funk) e a lista segue... Uma quantidade enorme de músicos e cantores excepcionais. UM - Delvon Lamarr Organ Trio é um mix de soul e jazz, é incrível! O que você mais escutava quando mais novo?

DL - Eu cresci escutando os clássicos do soul e R&B, bem "old school". Minha mãe era cantora em um coral, portanto eu sempre tive a influência do gospel na minha vida. Depois, durante o ensino médio, meu irmão mais velho me apresentou o jazz através de uma fita cassete do John Coltrane, me apaixonei na mesma hora. Ele fazia umas coisas de hip-hop e tinha um pequeno estúdio, produzia umas batidas. Mais velho, decidi fazer jazz e soul.

UM - E como nasceu o Delvon Lamarr Organ Trio?


DL - Eu tocava na maior parte do tempo com uma outra banda, Rippin' Chicken, e também como freelancer com outros caras. Tocava em diversas gigs de jazz, mas chegou a um ponto que nada acontecia com essas bandas. A Amy, minha esposa e empresária, durante anos falou para eu formar a minha própria banda, eu sempre recusei. Quando eu aceitei, enfim, a ideia a fiz sob uma condição, que ela cuidasse de tudo. Eu ficaria apenas na parte de criação musical. Escolhi a dedo os instrumentistas, arrumei os caras certos que eu sempre quis tocar. Nessa, vieram o David McGraw e o nosso primeiro guitarrista, Colin Higgins. Esse era o trio original. As coisas não deram muito certo com o Colin, ele estava muito ocupado com o Cecil Moses & the SG's. Aí chamei o Jimmy James.

UM - É correto dizer que o soul nasceu a partir do casamento do blues com o gospel?

DL - Acredito que o soul seja um mix de gospel, R&B e jazz dos anos 1950.

UM - Quem são os bluesmen e cantores gospel favoritos?

DL - Sou um cara mais para Albert King, Bobby Blue Bland e Johnny Guitar Watson. Eu amo escutar os caras mais velhos também, Blind Willie Johnson, Skip James, Robert Johnson, Son House, etc.

UM - Eu conheci a banda através da apresentação na KEXP (programa de rádio), showzaço! Você poderia falar sobre os outros músicos? Acho o David McGraw um excelente baterista de jazz/funk! E o Jimmy James, cara!, coloca fogo na guitarra! Em certo momento me lembra Machine gun do Hendrix...


DL - O Jimmy James é o cara mais sério e focado que eu já conheci. Boa parte da nossa química vem do fato de termos um repertório musical quase igual. Nós conhecemos/tocamos o mesmo tipo de música, portanto o nosso show é único. Ele era do mesmo bairro que eu cresci, vivíamos a uma milha de distância, mas ele era mais novo e naquela época não nos conhecíamos. O amor dele pela música é coisa bem profunda, às vezes depois do show ele fica sentado sozinho, apenas tocando. Se a casa na qual tocamos ficar aberta a noite toda, o Jimmy fica lá tocando até o sol raiar. Essa é a dedicação do Jimmy e eu amo e o respeito demais por isso.

O David McGraw morava em New Jersey e se mudou para Seattle em 1995. Ele se estabeleceu rapidamente como um baterista de funk bem requisitado e essencial na cena musical de Seattle. Quando músicos falam sobre "pocket" [N.E: expressão para uma bateria perfeita, com groove], te juro!, estão falando do David. Ele é um dos caras mais legais que já conheci. O que eu mais amo nele é que, independente do que Jimmy e fazemos durante uma canção, ele faz sempre a batida certa, nunca falha. Ele tem o feeling certo e o time dele é impecável. Gosto de falar que ele é a "cola" que mantém a banda junta. O jeito dele tocar me lembra as bandas de órgão mais antigas, como Idris Muhammad. O David é um músico sólido!

UM - Você poderia explicar as diferenças entre o teclado convencional e o órgão Hammond B3?


DL - A maior diferença entre o Hammond B3 e o teclado convencional (também conhecido como Clone Wheels) é que o Hammond tem componentes mecânicos que fazem os diferentes sons de órgão versus o sampleamento digital do órgão. Embora, e não me interprete mal, hoje em dia esse clones são bem parecidos, a maioria das pessoas não saberia diferenciá-los em uma gravação. UM - Você considera o hip-hop uma evolução natural do soul? Aliás, você gosta da cena hip-hop?


DL - Definitivamente, eu curto demais Hip-Hop. Apesar de eu associar mais ao funk e ao jazz. Pelo menos é o que sinto ao escutar. UM - Vocês estão na Colemine Records, um selo especializado no funk e no soul. Você poderia falar sobre a Colemine?

DL - Nós lançamos o nosso primeiro vinil de 45 rotações com Concussion e Memphis em novembro de 2017. Em 2 de abril desse ano relançaremos pela Colemine Records o nosso álbum que gravamos de forma independente, Close But No Cigar. Estará disponível em vinil, CD, cassete e nas plataformas digitais. Também em abril teremos um lançamento especial no Record Store Day [N.E: um sábado do mês de abril que celebra as pequenas gravadoras independentes]. Mas sobre isso não falaremos agora, será surpresa, acompanhe pela nossa página no Facebook!




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