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Ainda há deuses no rock?


Fazia meu programa favorito, buscar minhas encomendas (leia-se CDs) e discutir futebol na Satisfaction, quando escutei um amigo beatlemaníaco falar sobre os podres do quarteto que eram abafados pelo fiel empresário Brian Epstein e acatados pela mídia. Atentamente ouvia as estórias de Lennon e companhia. Peguei meus “brinquedinhos” e tomei o meu caminho. Semana passada, entrevistando uma banda suíça da nova geração, Underschool Element, aquele assunto sobre os Fab Four martelou novamente a minha cabeça. O grupo suíço, que faz um rock com influências de Red Hot Chili Peppers, Rage Against the Machine e System of a Down, me fez perguntar se ainda há espaço para bandas que se julgam maiores do que o púbico e/ou a imprensa. Vocês vão entender da onde veio esse brainstorm com quase quarenta anos de atraso. Antes de ir ao show, na Lapa, escutei algumas músicas do primeiro álbum, Rien de Plus (Saiko Records), e do novo, Tango (Saiko Records), na íntegra. Sinceramente, achei a banda fraca, com elementos batidos e sem inovações relevantes. Porém, assistindo ao espetáculo vi que tinha pontos positivos, tais como a boa mistura com jazz na canção Real stinky, a simpatia para com o público e o excelente baixista Romain. Terminado o show, enquanto eles atendiam os fãs, eu conversava com os meus amigos sobre o evento. Foi um consenso de que a apresentação fora divertida. E nada mais. É chegada a hora do bate-papo. Perguntei sobre as influências, sobre a crítica européia, a receptividade brasileira, entre outras coisas. Tudo ia bem até que um deles perguntou se eu poderia mandar a matéria para aprovação. Fiquei sem reação. Falei que mandaria a matéria, mas não me comprometi quanto a teórica censura. Furioso com o papelão dos suíços, fui para casa. Mais calmo, refleti sobre tal atitude na atual conjuntura de crise do mercado fonográfico. Muitos se perguntam sobre o futuro do CD. Incertezas à parte há uma certeza: o papel do músico mudou. Antigamente, grupos como Led Zeppelin podiam tratar mal o seu público e a imprensa, já que ainda havia um fetiche pelo rock star (Deus abençoe Lester Bangs!). Mas, felizmente para uns, infelizmente para outros, os tempos mudaram. Um artista que não seja simpático com o público ou que cometa gafes com o midia people pode se considerar acabado. Em pouco mais de dois anos atuando na crítica musical, exemplos não faltam. O histórico John Mayall foi um que aprendeu. Antes do tête-à-tête com o coroa, alertaram-me sobre seu característico mau humor. Fiz as perguntas esperando respostas ríspida. Nada disso! Foi de grande atenção comigo e com os outros companheiros. Sem falar que, faltando meia-hora para a apresentação, Mayall estava vendendo seu material no meio da multidão e até dando conselhos. Será que ele repensou sua vida? Porra nenhuma. Ele se tocou, por bem ou por mal, que a indústria cultural cria e exclui facilmente artistas (haja vista a imensidão de inúteis que estão nesse meio). Percebeu que para continuar no jogo teria que se adequar às novas regras do jogo. Se eu guardo mágoas do Underschool? Não. Se acho que eles vão durar muito mais tempo nesse meio selvagem chamado mercado fonográfico? Também não.

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