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Ah, sim, ela também cantava


O recente falecimento de Amy Winehouse foi mais um circo construído pelo sempre inteligente jornalismo, fã incondicional da boa e velha fofoca. Muito se comentava sobre seus excessos, vida amorosa e incontáveis vexames. A colocaram em um descabido patamar, ao lado de nomes como Ella Fitzgerald, Bessie Smith e outras divas do blues e jazz. E sempre mostrando a horda de fãs imbecis chorando pela perda. Não entro aqui no mérito do fanatismo e amor incondicional ao superstar – para esse tema, Régis Tadeu, editor da Cover Guitarra, foi perfeito. Faço, sim, um questionamento necessário e sensato. Sobre qual Amy dedicou-se a mídia: a cantora ou a barraqueira de tablóides? A Amy “musicista” foi uma competente vocalista que tinha um potencial bem interessante. Seu primeiro disco, Frank, revela sua principal influência, o jazz. Após o debut, aclamado pela crítica, mas sem grande impacto no mercado, lança o avassalador Back to Black. Esse, um trabalho mais comercial (sem inteferir na qualidade, diga-se de passagem), com a adição de paixões secundárias: reggae, hip-hp e ska. E foi só. Claro que há mais material guardado à espera do momento perfeito, mas isso é pouco para um músico tornar-se imortal. A Wineshouse que mostrava talento era paulatinamente sufocada pela Amy junkie, irresponsável e barraqueira. Prato cheio para mídia. Esta Amy ganhava notoriedade pelas besterias, brigas e auto humilhações em palco. Sentiremos falta dessa? Enquanto cantora, Amy sempre estará atrás de uma Janis Joplin, que tinha bem menos técnica, ou até de uma Carmen Miranda, que comandou o mercado fonográfico por pelo menos vinte anos nos EUA e Brasil. À outra, apenas recordações desagradáveis. Infelizmente, essas foram o foco de quase todas as matérias. Saudade da Amy? Não muita.

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